terça-feira, 7 de junho de 2016

Charles Mingus - Blues & Roots (1960)

Este disco me fez pagar pelos meus pecados. Sempre declarava que havia um problema sério no jazz pelo fato dos músicos se divertirem mais do que a plateia. Não é um ritmo fácil de ser ouvido, exige maturidade, e dai meu desprezo por esse pedantismo de que você não pode dizer que não gosta de jazz. Você não entende de música se diz isso. Verdade que todo mundo gosta de alguma coisa de jazz, vai dizer que não vibrou quando viu o filme do Ray Charles ou Whiplash? Ou que não acha chique as trilhas sonoras do Woody Allen? Bem, mas falar de Jazz é a mesma coisa que de rock. Charles Mingus é um desses baixistas ligados ao vanguardista momento pelo qual o jazz passava no pós-guerra. É um jazz mais complicado e menos usual do que as orchestra. Demorei para sacar que o lance nesse disco (e outros) é o tempo. Música é tempo, se não está no tempo certo, não está bom. O que faz um ritmo ser diferente do outro, e logo uma música diferente da outra é o tempo. Disco já para além do Be Bop, mas que apresenta as variações de tempo ao longo das faixas, prazeroso escutar os berros no estúdio conforme a banda prossegue. Dai fica fácil entender o porque do jazz ter se tornado um estilo musical tão associado ao urbano e noturno. Seu ritmo quebrado, seu improviso combinam com a vida urbana e sua experiência.

ChutenocÜ!