quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

The Cure - Staring at the Sea (1986) Singles

Antes de fazer este post tive que verificar se já não o tinha feito. Staring at the Sea é um puta disco do Cure e seu único defeito é ser uma coletânea. Minha relação com este disco começou lá pelos meus 13-14 anos quando eu descobri os sebos e as revistinhas de super-herói, comprava montes de Conan, X-men, Justiceiro e outras coisas do naipe. No meio disto tudo minha irmã arrumou um toca discos e meu irmão se interessava mais do que eu por música, ficando horas vasculhando lps antes dessa moda toda. Éramos duas criancinhas que entendiam alguma coisa de música e acabávamos fazendo os olhos de uns tiozões brilharem por uns segundos enquanto catávamos um vinil ou outro de artistas como Led Zeppelin, Janis Joplin ou Black Sabbath. Lembro muito bem que cheguei a ter este staring at the sea nas mãos, pegar o vinil é outra coisa como devem saber, é maravilhoso, a capa é um poster, te pega  quando é bem feita. Pelo que me lembro do encarte tem outras fotos desse cara da capa que parece ser um pescador  ou algo do gênero, e por isso até hoje a ideia de praias desertas e frias em preto e branco me lembram os anos 80 - e realmente esse é um clichê da época. Ocorreu que eu gastei mais com gibis do que discos naqueles tempos, e me dói o fato de que se eu quiser ter esse vinil hoje em dia gastarei muito mais do que dez ou quinze reais, tal qual ele custava na época (o que não parece mas dava um monte de gibi). Não sou fã das coletâneas, mas você tem que começar de algum jeito. Anos mais tarde no mesmo sebo minha namorada encontra este disco em versão CD, não estava afim de cometer o mesmo erro e levei ele comigo (algumas vezes eu dou uma dentro). O curioso é que acaba-se pegando uma fase cronológica do Cure, no começo seu som é relativamente elaborado, para depois (na fase em que termina este disco) estarem numa simplicidade que beira o pop - e óbvio pesando por uma fase dark pesada. Aquelas faixas que conheci pela rádio estão ali, close to me, in between days, lovecats e a faixa que demorou algum tempo para emplacar mas hoje é um sucesso que até me causa certa irritação, boys don't cry. Mas além disso temos estas faixas da fase inicial quando eles indicavam ser um relativo fracasso, Killing an Arab lembremos é do primeiro disco. Há faixas interessantes como a forest, que na minha opinião deveria tocar nas festas de halloween, e as magnífica walk e let's go to bed, que tem uma pegada bem mais discoteca do que as outras faixas. Cure acaba não parecendo uma banda muito forte no começo, mas eles são os caras que conseguiram mostrar o outro lado do anos 1980 para muita gente. Poderiam ser odiados por isso (tornarem algo mainstream), mas suas músicas são legais demais para isso, e acabam salvando alguns bailes de formatura por ai - mesmo que seja pedindo pros garotos não chorarem, mais uma vez! Atualmente estas coletâneas servem muito bem para quando se está impaciente e você quer passar poucos discos para o mp3 para ter o suficiente de Cure mas não uma enxurada. Por fim é quase um dos únicos discos que tenho deles, e vira e mexe estou tocando ele para me acompanhar na faxina ou café.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Wild Nothing - Empty State (2013) EP

Wild Nothing foi uma indicação de uma amiga minha. Não sou o tipo de pessoa que fica ligada nas novidades, mas sei que o pessoal do wild nothing está vivo, o que parece ser um bom começo. Seu som está ligado a isso que vêm sendo chamado de dream pop, estilo que me agrada muito e parece ter toques sinceros de LSD. Assisti agorinha o filme As vantages de ser invisível, e bem, apesar de não tocar nenhuma música da banda, o som deles pareceu combinar bem com o clima. Atualmente venho buscando sons novos e a música feita no campo do "eletrônico" está me surpreendendo muito e agradando cada vez mais. Wild Nothing é uma dessas bandas que espero durem mais do que uma estação, pois eles possuem sonoridade suficiente para isso. Usando e abusando de instrumentos tradicionais, associados a esse caráter eletro, acabam criando uma atmosfera sonora muito agradável.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Rakta - S/T (2013)

Muita gente vai querer me atirar pedras ao afirmar que o rock nacional é muito mal representado, não temos grandes bandas, o que temos são bandas que continuam até hoje porque em algum momento lançaram um ou dois discos bons e por causa disso estão ai até hoje. De maneira geral temos músicas fracas, seja pela composição pouco original ou pelas letras capengas. Essas afirmações acima podem dar a entender que um "rock brasileiro" ou uma "cena" rock nacional seja impossível e suas tentativas sejam ridículas, ledo engano. Há muita banda boa, que vai te divertir muito durante o show e que têm músicas boas o suficiente para escutar em casa mais tarde, entretanto estas bandas estão nesta coisa chamada underground e/ou circuito alternativo. O apoio vêm dos fãs que assistem os shows, e só. Rakta é uma dessas bandas. Nunca havia assistido uma banda formada apenas por garotas, o que é muito raro e necessário - afinal, punk rock não é só pro seu namorado. Fui assistir o show das garotas sem conhecer uma música se quer (como venho adquirindo o hábito de fazer), e foi um show que eu não esperava, de tão positivo que acabou sendo. Apesar de não apresentarem nenhum mega virtuosismo no manuseio dos instrumentos, todas elas sabem o que fazer e fazem o necessário. Entretanto elas poderiam cair na velha cartilha punk rock, e criarem uma sonoridade repetitiva, que apesar de serem composições próprias, você já conheceria. Elas trazem um som original que me pareceu uma mistura do punk, pós-punk e uma pegada industrial. Não sei se era pelo espaço pequeno onde elas tocaram, mas conforme a banda desenvolvia seu som acabavam criando toda uma atmosfera sonora que te envolvia e pedia para que se entregasse cada vez mais. Além de tudo a banda fez esta capa lindona.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

David Bowie - Heroes (1977)

David Bowie é uma dessas personalidades únicas da música pop. Além de ser um divo, ainda mais nessa capa quando ele era bem 9inho (admito), a música não seria a mesma coisa sem ele. No caso o disco "Heroes" é um ponto chave para ele. Muitas vezes não nos damos conta da importância da Alemanha para entender o século XX, muita coisa importante rolou por lá, e afinal de contas foi o país dividido pela guerra fria (o que marcou o século passado). Foi no meio disso tudo que o Brian Eno e o Bowie resolvem dividir o aluguel de um apê em Berlim ocidental pois estavam bem impressionados com a cena musical de lá. Já estavam testando algo bem interessante em Low e o maravilhoso Idiot do Iggy Pop, Heroes foi o resultado mais amadurecido e acessível desta experiência toda. Marcados pela música ambiente, podemos perceber que faixas como Heroes ou Sons of the silent age, conseguem nos envolver profundamente. O incrível é que o disco é ótimo, desde o a primeira faixa até a última ele continua soando atualíssimo, e acho que todo o trabalho de Bowie ficou marcado por esta fase Berlim em especial este disco, vide a capa do albúm the Next day que é uma releitura da capa de Heroes. Apesar de trilogia "Berlim" de Bowie, este foi seu único disco inteiramente gravado na Alemanha, o estúdio utilizado por sinal foi Hansa Studio by the Wall, onde segundo contam os relatos da época, dava para ver os guardas vermelhos observando dentro do estúdio com binóculos. A ligação com a Alemanha foi tão forte neste disco que existe na edição alemã uma versão Heroes/Helden, onde a faixa título é cantada em alemão também. Meu contado com este disco foi através do filme de Christiane F., que pirava muito no camaleão do rock, e assistindo a película dá pra sacar a atmosfera que ele pretendia criar com este disco. Apesar de conhecer este disco já fazia algum tempo ele nunca chegou "a bater" pois o escutava em fones de ouvido, e te digo, ele foi feito para ouvir bem alto num bom aparelho de som, então corre lá e vai fazer isso de preferência a noite. Recomendo ouvir Harmonia antes.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Harmonia - Musik von Harmonia (1974)


 Certa vez enquanto eu estudava alemão, um colega disse: “é bom ficar de olho na Alemanha, tudo de importante surge ou passa por lá”, arquitetura moderna, design, nazismo, capitalismo, liberalismo, anarquismo, socialismo, ecologia, computação, movimentos sociais, filosofia e claro a música – e não vou falar dos Beatles e Hamburgo. Mesmo que muita coisa não tenha sua origem na Alemanha, coisas acontecem por lá, a música contemporânea vai ver algo chamado Kraut-rock surgir e dar origem a coisas fantásticas como os discos da fase alemã de Bowie e isto que chamamos de música eletrônica. Muita gente conhece o nome Kraftwerk, mas eles não são os únicos agraciados com música boa e original. Como após a segunda guerra a Alemanha foi ocupada pelos vencedores (praticamente EUA de um lado e URSS de outro, dando origem a divisão), a cultura americana vai se disseminar muito bem por lá. Junto com o rock'n'roll também havia uma consciência de que a música americana e inglesa não dava conta das angustias pelas quais os alemães passavam. Se eles buscassem simplesmente imitar o que já existia não havia novidade ou identidade nisso tudo e o máximo que alcançariam seria a música schlager (brega e vazia), mas por outro lado se eles fossem buscar alguma originalidade na música folclórica da Alemanha estavam lascados, pois aqui entre nós, é uma porcaria. Mais o menos nesse impasse eles precisavam buscar algo completamente novo e deles. Pegando o pico da onda do rock progressivo o kraut-rock adiciona elementos eletrônicos e ganha sua forma (mas nem sempre seguindo esta fórmula). Harmonia é uma das bandas mais importantes desta movimentação que vai deixar Bowie e Brian Eno doidinhos alguns anos mais tarde. Eles estão em algo que já me parece fora do Kraut-rock e estão muito mais ligados a música eletrônica e ambiente. Harmonia é um grupo formado com boa parte da nata da música experimental alemã da época. Definitivamente é um daqueles discos únicos que não surgem todo dia, especialmente para quem está cansado de ouvir sempre a mesma coisa e busca algo que consiga o levar mais longe. Vem sendo um dos meus discos favoritos especialmente quando a noite já está bem adiantada.
Apresentação ao vivo, e pensar que quase tudo isso cabe num computador.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Pankrti - Rdeci Album (1984)

 O que rola nas bordas? O que acontece nos lugares que a gente até esquece que existem? Pankrti foram uma importantíssima banda de punk rock da Eslovênia durante os anos 80. Mais do que isso, sua sonoridade é aquele punk rock que já conhecemos, mas eles fazem soar do jeito deles. Para melhorar sei que a banda adotava uma postura política interessante, simpatizando abertamente com os movimentos anarquistas e comunistas. Rdeci album significa albúm vermelho, referência a doutrina comunista. Devido a esse posicionamento foram uma das primeiras bandas do chamado Yugo Rock a se posicionarem contra a guerra civil que acabou desmembrando a Iugoslávia. Sua melhor música não está ai, é "Anarhist", mesmo assim vale a pena ouvir este disco. Parece que este seria o disco clássico da banda, seu melhor trabalho. Os caras pareciam ser ótimos músicos.

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