sábado, 26 de maio de 2018

Natalia LaFourcade - Musas: un homenaje al folclore latinoamericano en manos de Los Macorinos, vol. 1 (2017)

Natalia LaFoucarde é uma artista impressionante, que demonstra uma capacidade de se reinventar e dialogar com a música desde Hasta la Raiz, de vertente mais pop, até se metamorfosear em Musas, com uma proposta clara de dialogar com a latinoamerica. Para fazer este trabalho em grande estilo, foram recrutados Los Macorinos, dupla experiente de músicos que já trabalharam com gente do peso como Chavela Vargas. As músicas são de uma consistência incrível, que raramente temos oportunidade de ouvir, seus arranjos conseguem trabalhar bem uma complexidade grande, mas ainda suficientemente inteligível sem o dispêndio de uma soma considerável de atenção. Foi Soledad y el mar que me pegou de surpresa, a ponto de não conseguir mais parar de ouvir Natalia Lafourcade, e me levando aos hits Tú si sabes querrme, Rocío de todos los campos e Mi tierra veracruzana. Para mim é um disco de consistência semelhante a um Transa do Caetano Veloso, ou seja, será ouvido durante muito tempo.


VivaAméricaLatina!

sábado, 14 de abril de 2018

Charles Mingus - Mingus Three (1957)

Charles Mingus é destes músicos excepcionais, vale ouvir muito de sua obra. Mingus Three é um disco especial, pois é baseado num trio, sem o complexos arranjos com maravilhosos contrapontos que fizeram de Mingus uma pessoa venerável. É um bom disco para quando se cansou um pouco dos metais (eu pessoalmente só comecei a entende-los, e tolera-los, recentemente). Baixo, piano e bateria. Tem como dar errado? Não! É isto o que temos aqui. Nada notável, mas vai tudo bem do começo ao final. Um disco fácil de ouvir, com destaque para back home blues e hamp's new blues. Um bom disco de jazz para ter na manga, e ouvir repetidas vezes.

BahiaPirata!

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Letrux - Em noite de climão (2017)

Letícia Novaes é a grande figura em Letrux, seu projeto solo-coletivo. Sua música é impressionante. Consegue aliar o tom de MPB através de suas letras maravilhosas, construindo verdadeiras paisagens sonoras (e meu Deus como fazia tempo que não ouvia letras tão boas!). Amparada por uma banda ótima, as guitarras sem exageros casam bem com a bateria rítmica*, o baixo marcante e o sintetizador que domina o ambiente. Sua introdução e sua fala no meio, são agradáveis de se ouvir. É um disco que me pegou de surpresa e é daqueles que a gente só vai gostando mais conforme o tempo passa. Faz algum tempo me distancio da música enquadrada no termo geralzão do "rock", por ter ouvido isto a vida inteira e já não me encantar com qualquer coisa. Letrux, entretanto, rendeu e ainda tá rendendo.

&


*e não é o que se espera de uma bateria?

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Chet Baker - Sings (1954)

Talvez o disco mais clássico do Chet Baker. Na década de 1950 Chet Baker começou a causar algum barulho, o que somado a sua voz doce e cara de bom moço, o  catapultaram para a fama. Nenhuma das canções são originais, são todas interpretações de clássicos, que ganham um atmosfera incrível com a voz delicada de Chet (antes de perder seus dentes frontais e cair pesado nas drogas, entre elas heroína) e seu trompete macio e aveludado. Essa combinação de bateria, baixo, piano e trompete conseguem produzir um som suave, aveludado, que te aconchega. Um dos discos que mais andei escutando nos últimos tempos e que ainda ouvirei muito. 

sábado, 1 de julho de 2017

Pascal Roge - Erik Satie - 3 Gymnopédies & Other Piano Works (1984)

Erik Satie é interpretado por Pascal Roge neste disco de 1984. Sujeito excêntrico, Satie tranquilamente se encaixa no perfil das vanguardas de começo do Século XX. É dele, e não de Brian Eno, a paternidade da música ambiente. Contam que Erik Satie executava suas peças de música ambiente na expectativa de que as pessoas continuassem suas conversas e atividades, pois o ruído que elas produziam fazia parte da composição. Entretanto, seguindo a etiqueta, as pessoas se punham em silêncio contemplativo, o que só deixava Satie irritado e decepcionado. As músicas aqui presentes são na linha do que Satie fez sua fama, o minimalismo e o ambiente em relaxantes passeios pelo piano. Seu manejo do instrumento é o que dá conta de tomar o espaço vazio entre as mobílias.

zppshr.


domingo, 30 de abril de 2017

Ryo Fukui - Scenery (1976)

Onde alguém consegue aprender piano aos 22 anos e lançar um disco de sucesso 6 anos depois? No Japão isso aconteceu através de Ryo Fukui e seu Scenery de 1976. Curioso que, pelos anos 1960 o jazz foi perdendo espaço para o rock e a música pop. Nesse quadro o Japão foi uma exceção, e lá o jazz estava bombando pela década de 1970. Passado algum tempo da Segunda Guerra, os japoneses nascidos pós-guerra conseguiam aceitar melhor a crescente influência estadunidense. Como sabemos, os  Estados Unidos começa a se apresentar como detentor e produtor da cultura ocidental, deslocando o eixo da Europa (no caso, França, Inglaterra e Alemanha). É neste contexto que o jazz ganhou força nos anos 1950 e o pop rock nos 1960. Durante a década de 1970 o jazz estava em seu auge no Japão, e enquanto os jazzistas sobreviventes exploravam cada vez mais novos ritmos, vide Alice Coltrane, Miles Davis e Herbie Hancock, Ryo Fukui lançava um disco maravilhoso pautado no jazz mais clássico e conhecido dos anos 1950-60. Algum paralelo deste trabalho com algo de Sonny Clark é mais viável do que alguma comparação com Phaorah Sanders. Até hoje disco se mantém um clássico, cunhado entre obras experimentais de sua época, traz um trabalho pautado numa linha mais tradicional, sem porém soar repetitivo e previsível. As faixas destaque ficam por conta de willow weep for me, atuum leaves e a magnífica early summer. Um disco fácil de se ouvir do começo ao fim.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Sonny Clark - Cool Struttin' (1958)

O imediato pós-guerra talvez seja a época dourada do jazz, não só por ter inserção em ampla fatia do público, mas principalmente pelas inovações produzidas por sujeitos como Miles Davis, Chet Baker, John Coltrane e outros. Sonny Clark não é um dos sujeitos passíveis de algum desmerecimento e reclusão para notas de curiosidade. Pianista talentoso, versado em sua habilidade, é responsável por algumas das melhoras músicas do período. Dentre seus discos mais famosos, possivelmente cool struttin' esteja entre os mais bem acabados. Audível da primeira a última faixa de forma insana, temos a grande obra, possível que seja a mais clássica, do hard bop. É um disco que cativa os ouvintes mais experientes do jazz e os mais frescos (meu caso). Desde a capa, até as canções, temos aquilo que me fisgou no jazz, sua euforia rítmica, sua forma de conduzir sons quebrados e atravessados (do que Mingus me parece um gênio maior), de produzir a atmosfera do isolamento e solidão de tarde da noite, da busca por estímulos mais variados, e tudo possibilitado pelo urbano, está aqui. Do café ao jantar, do trânsito ao passeio na calçada, faz sentido os estilos bop acabarem tão associados a noite e a cidade de Nova Iorque.

sábado, 18 de março de 2017

Cory Hanson - The unborn capitalist from limbo (2016)

Este disco do Cory Hanson me pegou desprevenido, e é ótimo quando algo assim acontece. Com sua vertente clara pelo folk estadunidense no melhor estilo voz e violão, suas músicas são maravilhosamente complementadas por banda de apoio e orquestra. O resultado deste disco de pouco mais de meia hora, é maravilhoso. Arrisco que é um disco para estar entre os melhores de 2016, e eu nem ouvi os outros. Poderia ser mais um folk manjado, mas não é. Suas músicas são tranquilas, e creio, falam deste limbo que vivemos dos 2000's pra cá. É uma música que te ajuda a absorver os momentos do dia. O violão simplório e marcante dá uma sustentação para todo o resto. Um disco maravilhoso.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Chet Baker - Italian Sessions (1962)

Chet Baker é definitivamente um dos maiores jazzistas, e mesmo sem ouvir nada de jazz você já ouvi falar dele, ou já escutou alguma vez my funny valentine (que foi por ele imortalizada). Curioso que Baker teve uma carreira conturbada, fazendo sucesso rápido e jovem, logo começa aquele típico caminho para a decadência de deixar muito roqueiro no chinelo. É nesse clima de decadência que ele acaba indo para Itália, onde lançou uma série de materiais medianos, porém este disco é um material acima da média, segundo a jazz times, bem acima da média - e eu concordo. Um disco praticamente tão bom quanto o Chet Baker Sings, apesar da sonoridade e proposta bem distintas. Gosto que o uso do trompete (e as vezes da flugelhorn) são de uma suavidade maravilhosa! É isto que encanta em Chet Baker, e faz com que você possa ouvir músicas e mais músicas. Não por acaso, sua imagem durante muito tempo foi associada a alguma coisa como um James Dean do jazz, rapazinho bonito e sedutor, sua música é assim mesmo.

obs: o catálogo de Chet Baker é algo absurdo, e este disco foi originalmente lançado como Chet is Back em 1962, para em 1990 ser relançado como Italian sessions. Como o arquivo estava assim nomeado, mas a data das gravações é de 1962 preferi ir por este raciocínio.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Alice Coltrane - Journey to Satchidananda (1970)

Se você gostou do Ptah, the el Daoud, este disco lançado na sequência vai agradar. Na mesma linha, porém mais acessível, mais fácil de ser escutado, menos experimental. A banda aqui está um pouco mais complexa, mas a simplicidade e ritmo em torno do baixo e a bateria continua marcante. O uso de instrumentos indianos também é perceptível, e os solos em sax tenor de Pharoah Sanders também estão aqui. Música incrível, que fez eu me perguntar como ignorei Alice Coltrane tanto tempo, como nunca ouvi falar dela?