quinta-feira, 16 de maio de 2013

Sheik Tosado - Som de caráter urbano e de salão (1999)

Cada vez mais percebo como o manifesto antropofágico dá uma boa saída para a cultura brasileira de maneira geral. Suspeito que a produção cultural na década de 1990 já estava mais madura e procurava mais do que na década anterior, demonstrar sua face brasileira e identidade sem contudo cair em nacionalismos cegos. Na esteira iniciada pelo Clash e seguida pelo Mano Negra, a mistura do rock com os ritmos tradicionais ganhou sua legitimidade. Neste sentido o manisfesto antropofágico é uma boa saída pois não ignora o regional/local, tão particular de cada lugar (geográfico ou não), com o que vêm de outras latitudes. A língua já faz essa mistura, de pegar trejeitos locais e mesclar eles com outros, algumas vezes vindos de longe. A cultura tem disso, ela não é pura, não se quer pura, "pureza é um mito", já colocava Oiticica nesta frase de duplo sentido - seja por ser elemento fundador de muita coisa, como por ser algo impossível, brincando com este duplo sentido da palavra mito dado no cotidiano: origem ou mentira. Neste sentido Sheik Tosado a banda que tornou o China (sim aquele cara da MTV) conhecido. O som é bem particular, mistura as guitarras do rock underground (hardcore e afins) com a batucada do frevo. Sim eu sei que Chico Science e a Nação Zumbi também vão fazer isso, mas vale lembrar que as duas bandas são diferentes, assim como a cultura em cada lugar, é um rizoma afinal.

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