quarta-feira, 23 de julho de 2014

La Casa Fantom - Ingen ny dag (2006)

La Casa Fantom é daquelas bandas difíceis de serem classificadas em um estilo, que possuem uma sonoridade de tamanha personalidade e em constante transformação que rotulações sempre parecem descabidas e incapazes de traduzir sua estética de maneira satisfatória. Mas que, para fins de esclarecimento, pode-se dizer que trazem junto à sua raiz hardcore, sonoridades que remetem ao post-rock, essa mistura que, convencionou-se chamar de “Neocrust”, palavras que não explicam muita coisa, mas que para os mais familiarizados com determinadas vertentes musicais dão uma ideia do que esperar dessa banda.
Esse disco em questão, o Ingen ny dag, traz 10 músicas que misturam elementos diversos, indo de hardcore, post-rock, screamo, black metal e até algumas influências de música eletrônica (!). Essas tão diversas influências poderiam soar forçadas, artificiais, como tantas vezes podemos notar quando algumas bandas tentam misturas diversos estilos na busca fracassada por uma sonoridade única. Mas esse duo de baixo/bateria norueguês, de certa forma, consegue juntar todas essas influências em composições extremamente ricas e harmoniosas.
A excentricidade da decisão de formar uma banda sem guitarra é esquecida ao ouvir as músicas e notar a versatilidade do baixista, e vale dizer, tudo aqui é muito bem executado e sem soar demasiadamente produzido. Todo o instrumental é extremamente melancólico e as linhas de voz, ora sussurradas, ora berradas, ajudam a enriquecer as músicas mesmo que não sejamos capazes compreender as letras (esse disco é todo cantado em norueguês). Gostaria de insistir que tudo nesse disco é muito bem feito, o que dá a esse curto CD com cerca de 27 minutos, uma fluidez enorme. O disco chega ao fim com a talvez mais eclética das músicas do La Casa Fantom, “Rømmer til skogen”. De forma incrível, a música começa com um ritmo “eletrônico” e passeia por todos os elementos da banda juntos, tudo envolto por uma áurea de melancolia medieval, terminando assim esse desconhecido álbum que deveria servir referência para o punk da nossa atualidade.
Os noruegueses do La Casa Fantom, mesmo com todas essas influências, representem uma volta às raízes para tudo aquilo que nos acostumamos chamar de post-alguma coisa (post-punk, post-hardcore, etc.), mas que no fundo pouco conseguem representar do nome que carregam. Ingen ny dag, é um disco punk, essencialmente punk, no melhor e mais puro significado que essa palavra representa.


By Januario

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Joy DIvision - Fractured Box (2001)

Quando você conhece a curta discografia de uma banda de cabo a rabo, pode ser cansativo re-ouvir as músicas que você tanto gosta. De fato Joy Division começou como uma banda de punk, mas foi modificando seu som e são a ponte clara entre o punk e o que veio depois. Definiram muito bem uma sonoridade simples, e ainda difícil de reproduzir sem cair em fórmulas prontas (o que afinal, parece valer para qualquer estilo musical). O que temos é uma dessas raras bandas originais e únicas, como poucas conseguem ser. De fato o som de Joy Division é algo triste, perfeito para dias frios e chuvosos, mas é também um som selvagem, cru, cheio de energia, e é nas apresentações ao vivo que isto fica mais claro. Talvez por isso muita gente não perceba a "depressão" de Ian Curtis ao ouvir Joy Division pela primeira vez. Além do mais ouvir sua banda favorita ao vivo é sempre algo diferente do disco de estúdio, no caso do Joy Division - e do New Order - algumas vezes podemos pegar alguns "erros" e mudanças na reprodução da música em relação a versão do disco. É um ótimo disco compilando apresentações gravadas em boa qualidade.

David Bowie - Earthling (1997)

Que David Bowie é um camaleão todo mundo já sabe, e isso não é nenhuma novidade. O que acontece é que sua produção é vastíssima e muito abrangente. Tem música em italiano, em alemão e até em inglês! Entre este material obscuro de Bowie temos alguns discos inteiros, e Earthling é um destes discos. Inspirado na cena House inglesa dos anos 1990, Bowie resolveu produzir um disco nessa linha. O disco não é uma obra de arte como Ziggy Stardust & the Spiders from Mars ou Heroes, mas ainda assim é bom o suficiente para não diminuir o nome de Bowie. O uso daquelas programações, baterias, sintetizadores e sequenciadores ainda estão ali, como todo bom House deve ter, porém o uso de instrumentos está bem presente e dá o tom original de "Ah, isto é David Bowie". Faixas como Little wonder e Dead Man Walking, poderiam tranquilamente arrasar numa pista de dança. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

The Lemonheads - Hate your friends (1987)

Este é um disco que surpreendeu. Você talvez conheça Lemonheads pelo clipe de Mrs Robinson, ou alguma outra canção mais melodiosa. Não é o caso deste disco, estão crus e nus, como uma boa banda de punk rock bem garageiro é. O incrível é que fazem com maestria esse be-a-bá do punk rock e rock alternativo muito bem, não tão original quanto se gostaria, mas bem feito, e no final das contas, boa música é tão importante quanto música nova. É o disco de estréia da banda, que vai ganhando contornos mais melodiosos ao longo de sua carreira. Também nunca foram uma grande banda, sempre mais restritos ao circuito underground, seu maior sucesso na mídia ainda foi o cover do Simon & Garfunkel. Apesar da sujeira do som deles, já está presente um leve toque melodioso, nada muito forte, mas bem marcado. E eu adoro!