La Casa Fantom é daquelas
bandas difíceis de serem classificadas em um estilo, que possuem uma
sonoridade de tamanha personalidade e em constante transformação
que rotulações sempre parecem descabidas e incapazes de traduzir
sua estética de maneira satisfatória. Mas que, para fins de
esclarecimento, pode-se dizer que trazem junto à sua raiz hardcore,
sonoridades que remetem ao post-rock, essa mistura que,
convencionou-se chamar de “Neocrust”, palavras que não explicam
muita coisa, mas que para os mais familiarizados com determinadas
vertentes musicais dão uma ideia do que esperar dessa banda.
Esse disco em questão, o
Ingen ny dag, traz 10 músicas que misturam elementos diversos, indo
de hardcore, post-rock, screamo, black metal e até algumas
influências de música eletrônica (!). Essas tão diversas
influências poderiam soar forçadas,
artificiais,
como tantas vezes podemos notar quando algumas bandas tentam misturas
diversos estilos na busca fracassada por uma sonoridade única. Mas
esse duo de baixo/bateria norueguês, de certa forma, consegue juntar
todas essas influências em composições extremamente ricas e
harmoniosas.
A excentricidade da decisão
de formar uma banda sem guitarra é esquecida ao ouvir as músicas e
notar a versatilidade do baixista, e vale dizer, tudo aqui é muito
bem executado e sem soar demasiadamente produzido. Todo o
instrumental é extremamente melancólico e as linhas de voz, ora
sussurradas, ora berradas, ajudam a enriquecer as músicas mesmo que
não sejamos capazes compreender as letras (esse disco é todo
cantado em norueguês). Gostaria de insistir que tudo nesse disco é
muito bem feito, o que dá a esse curto CD com cerca de 27 minutos,
uma fluidez enorme. O disco chega ao fim com a talvez mais eclética
das músicas do La Casa Fantom, “Rømmer til skogen”. De forma
incrível, a música começa com um ritmo “eletrônico” e passeia
por todos os elementos da banda juntos, tudo envolto por uma áurea
de melancolia
medieval,
terminando assim esse desconhecido álbum que deveria servir
referência para o punk da nossa atualidade.
Os noruegueses do La Casa
Fantom, mesmo com todas essas influências, representem uma volta às
raízes para tudo aquilo que nos acostumamos chamar de post-alguma
coisa (post-punk, post-hardcore, etc.), mas que no fundo pouco
conseguem representar do nome que carregam. Ingen ny dag, é um disco
punk, essencialmente punk, no melhor e mais puro significado que essa
palavra representa.
By Januario