Onde alguém consegue aprender piano aos 22 anos e lançar um disco de sucesso 6 anos depois? No Japão isso aconteceu através de Ryo Fukui e seu Scenery de 1976. Curioso que, pelos anos 1960 o jazz foi perdendo espaço para o rock e a música pop. Nesse quadro o Japão foi uma exceção, e lá o jazz estava bombando pela década de 1970. Passado algum tempo da Segunda Guerra, os japoneses nascidos pós-guerra conseguiam aceitar melhor a crescente influência estadunidense. Como sabemos, os Estados Unidos começa a se apresentar como detentor e produtor da cultura ocidental, deslocando o eixo da Europa (no caso, França, Inglaterra e Alemanha). É neste contexto que o jazz ganhou força nos anos 1950 e o pop rock nos 1960. Durante a década de 1970 o jazz estava em seu auge no Japão, e enquanto os jazzistas sobreviventes exploravam cada vez mais novos ritmos, vide Alice Coltrane, Miles Davis e Herbie Hancock, Ryo Fukui lançava um disco maravilhoso pautado no jazz mais clássico e conhecido dos anos 1950-60. Algum paralelo deste trabalho com algo de Sonny Clark é mais viável do que alguma comparação com Phaorah Sanders. Até hoje disco se mantém um clássico, cunhado entre obras experimentais de sua época, traz um trabalho pautado numa linha mais tradicional, sem porém soar repetitivo e previsível. As faixas destaque ficam por conta de willow weep for me, atuum leaves e a magnífica early summer. Um disco fácil de se ouvir do começo ao fim.
domingo, 30 de abril de 2017
sexta-feira, 14 de abril de 2017
Sonny Clark - Cool Struttin' (1958)
O imediato pós-guerra talvez seja a época dourada do jazz, não só por ter inserção em ampla fatia do público, mas principalmente pelas inovações produzidas por sujeitos como Miles Davis, Chet Baker, John Coltrane e outros. Sonny Clark não é um dos sujeitos passíveis de algum desmerecimento e reclusão para notas de curiosidade. Pianista talentoso, versado em sua habilidade, é responsável por algumas das melhoras músicas do período. Dentre seus discos mais famosos, possivelmente cool struttin' esteja entre os mais bem acabados. Audível da primeira a última faixa de forma insana, temos a grande obra, possível que seja a mais clássica, do hard bop. É um disco que cativa os ouvintes mais experientes do jazz e os mais frescos (meu caso). Desde a capa, até as canções, temos aquilo que me fisgou no jazz, sua euforia rítmica, sua forma de conduzir sons quebrados e atravessados (do que Mingus me parece um gênio maior), de produzir a atmosfera do isolamento e solidão de tarde da noite, da busca por estímulos mais variados, e tudo possibilitado pelo urbano, está aqui. Do café ao jantar, do trânsito ao passeio na calçada, faz sentido os estilos bop acabarem tão associados a noite e a cidade de Nova Iorque.
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